Plena Guerra do Paraguai... Ninguém tinha coragem de expulsar os sanguinolentos paraguaios que haviam invadido e tomado Corumbá para aquele país.
Então Antônio Maria Coelho, arregimentou um "Batalhão de Civis Voluntários", montou uma esquadra e com bravura e valentia, foi lá e retomou Corumbá para o Brasil.
Recebido como herói, foi aclamado e sua esquadra recebida com honras e pompas, além do carinho e clamor da população cuiabana (brasileira), em pleno bairro do Porto em Cuiabá.
Todos queriam abraçar os heróis da retomada de Corumbá...
Um prato cheio para a disseminação de uma epidemia!
Doença da bexiga matou mais de 3 mil pessoas nos últimos 4 meses
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Da Reportagem
Dos indigentes aos mais abastados, a cidade toda conta seus mortos. Em algumas casas, onde a epidemia não poupou a ninguém, foi preciso arrombar portas para recolher as vítimas. Desde 8 de agosto, data da inauguração do cemitério, os encarregados de recolher, queimar e enterrar os corpos – soldados já imunizados e prisioneiros paraguaios – não tiveram sequer uma noite de folga.
O controle é precário e a doença já ultrapassa os limites da capital. Foram registrados casos nas localidades de Diamantino, Guia, Brotas, Rosário e Rio Abaixo. Em Serra Acima, conforme estimativa da paróquia local, 124 pessoas teriam morrido infectadas.
Já estão no fim os estoques de soro imunológico, importado do Rio de Janeiro e Buenos Aires. Uma alternativa seria reproduzi-lo diretamente na capital, mas, segundo os médicos do Hospital Militar, não há voluntários dispostos a receber a aplicação.
Para dificultar o trabalho dos médicos, começou a florescer a crença, entre setores da população, de que a Província estaria sofrendo um castigo divino, indiferente a qualquer profilaxia (ver matéria). A estes só resta o auxílio da igreja, que vem realizando sessões extras de preces e celebrações litúrgicas, na tentativa de acalmar o “anjo da morte”. A preocupação é maior em relação aos bairros do Mundéu e do Porto, onde a condição de vida dos moradores é ainda mais precária que no resto da cidade.
EPIDEMIA - Transmitida pelas vias respiratórias, a bexiga tem duas formas distintas. Na maioria dos casos, as mortes estão sendo causadas por sua variedade mais agressiva, a chamada confluente, que, por conta do aspecto das infecções cutâneas que provoca, é conhecida como “pele de lixa” - a outra forma, mais branda, é chamada benigna.
O primeiro infectado da capital foi o soldado do Batalhão de Voluntários, Antônio Félix, que, retornando da campanha militar que expulsou os paraguaios de Corumbá, inauguraria a contagem oficial das vítimas. Outras 71 viriam, exclusivamente entre os militares, até que morresse o primeiro civil, a 23 daquele mês.
No início de agosto, com o número de mortos chegando a duas centenas, a epidemia já se configurava. Em caráter emergencial, o presidente da Província, José Vieira Couto Magalhães, mandou erguer um hospital provisório nas proximidades do Acampamento Militar, destinado ao atendimento de pobres e indigentes. Também indicou a abertura do cemitério especial, na área conhecida como Cai-Cai, e o início das campanhas de prevenção ao contágio.
No mês passado a infestação parece ter atingido seu ponto mais crítico, tendo os enterros no Cai-Cai alcançado a razão de 50 por dia, com picos de até 100 entre os dias 5 e 6. Segundo acreditam as autoridades sanitárias, e a julgar pelas características da doença (não se contrai duas vezes), é provável que a epidemia continue fazendo vítimas, mas em ritmo reduzido a partir de meados de outubro. (RV)
Bexiga era o nome que se dava à varíola. Em Cuiabá, a epidemia só seria controlada a partir de dezembro de 1867. O número exato de mortos ainda hoje é uma incógnita, tendo sido utilizado nesta reportagem a estimativa referente à Freguesia da Sé, onde estava o maior contingente da população.
Fontes: Arquivo Público de Mato Grosso; Virgílio Corrêa Filho, “História de Mato Grosso”; Luíza Rios Ricci Volpato, “Cativos do Sertão”; Rubens de Mendonça, “História do Poder Legislativo em Mato Grosso”. E a professora Marlene Vilela, do Departamento de História da UFMT.
Fonte do Post: Diário de Cuiabá Edição nº 9916 08/04/2001
MANOEL COVA
A varíola que assolou e dizimou quase totalidade da população de Cuiabá, após a guerra do Paraguai, provocou vários incidentes dramáticos, uns caricatos, outros, mesmo em meio ao terror e lendários e inverossímeis, por vezes, alguns deles.
Chá de erva-de-cão, feito de fezes de cachorro que, segundo acreditavam na época, era tiro-e-queda para curar bexiga, até varíola negra, já se tornara inócuo para debelar a peste.
Morria gente como farinha. E o cemitério do Cai-cai, onde enterravam os bexiguentos não chegava a comportar tantos cadáveres, nem era possível abrir covas suficientes, num só dia, para tantos mortos.
Resolveu-se, pois, incinerar aqueles, para os quais não houvesse jazigo suficiente.
Depois de empilhados, eram queimados pelos soldados do batalhão de artilharia, que, num trabalho de auxílio, varejavam as casas, à cata de defuntos ou moribundos.
Certa vez, um soldado encontrou, morre-não-morre, um doente e achou por bem levá-lo junto aos que já haviam expirado, para que aguardasse a própria incineração junto às pilhas de cadáveres. Tratava-se do português José Manuel, residente na rua 13 de junho, antigo bairro do Lavra-Pau. Era já o anoitecer, por isso os praça adiaram a cremação para o dia seguinte.
José Manuel, ao despertar horrorizado, em meio às carnes pútridas da peste, invocou o senhor dos Passos, prometendo erguer-lhe uma capela, se conseguisse reunir forças para atingir a sua casa. Aí chegando, deparou-lhe o vandalismo dos que saquearam e depredaram-lhe o modesto quarto. Mas, atirado a um canto, lá estava o seu colete velho, onde escondia todas as economias.
Cumpriu a promessa, mas coube-lhe o apelido de Manuel Cova.
Nota - Esta lenda, recriada por Firmo Rodrigues no seu livro " FIGURAS E COISAS DE MINHA TERRA" - foi divulgada em primeira mão por Joaquim Ferreira Moutinho, no seu Livro " PROVÍNCIA DE MATO GROSSO" em 1834.
Fonte: Yahoo Resportas
Assista ao clipping do Governo do Estado, incluindo depoimentos de ilustres cuiabanos sobre o que ela representa (foi o único registro que encontrei sobre a restauração da igreja histórica):
2 comentários:
A história tem que ser contada e lembrada.
Adorei.
Abraços
Seu blog é muito bom, profissional mesmo, adorei , assim como adoro Osvaldo Montenegro.meu blog é marthacorreaonline.blogspot.com
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