Todo mundo conhece Janis Lyn Joplin (1943-1970), cantora texana de blues, influenciada pelo rock e pelo soul com uma voz marcante e que também chegou a compor. Joplin lançou quatro álbuns, desde 1967 até o lançamento póstumo em 1971.
Cultivando uma atitude rebelde, Joplin se vestia como os poetas da geração beat, e a partir de 1963, seu uso de drogas começou a aumentar, incluindo a heroína, que junto com a bebida, arruinou a sua saúde a levou à morte por overdose em precoces 27 anos de vida.
Mas seus 27 anos foram bem vividos. Ganhou algum destaque entre a nascente comunidade hippie em Haight-Ashbury e percorreu várias comunidades hippies pelo mundo, cantando e disseminando seu estilo próprio.
Pois foi nessas “andanças”, que ela esteve no Brasil. E um dos lugares que ela fez questão de conhecer foi a Chapada dos Guimarães. Passou um tempo numa comunidade hippie que resiste ao tempo e à modernidade e que ainda está de pé. No mesmo lugar.
Na praça principal da cidade (quem já esteve lá bem o sabe), os hippies dessa comunidade ficam vendendo seu artesanato e espalhando a “Paz e o Amor” aos turistas e aos habitantes locais.
Pois um dos muitos hippies gente boa que eu lá conheci, certa feita, enquanto eu estacionava o meu carro na praça, ao som de “Mercedes Benz” (não, não é o carro, é a música, meu carro é Toyota), veio até a minha janela (minha não, a do carro), cantar (num idioma que só ele compreendia) e tocar “air guitar”, acompanhando a “Janis Joplin” com bastante desenvoltura.
Não me pareceu muito “chapado” não, mas ficou muito alegre de ouvi-la e dançava muito, como “Ian Anderson” do Jethro Tull, no Jô Soares. Aliás, sua fisionomia também era bem parecida com a do multi-instrumentista, rei da flauta no rock.
Face envelhecida pelo tempo, de jovem só tinha mesmo a disposição. Pois acreditem: ele me relatou que conheceu Janis Joplin! Que teria ido a Woodstock e que depois, mais tarde, tê-la-ia recebido na comunidade que habita até hoje em Chapada.
Fiquei estupefato com o relato daquele ser. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto contava. Mesmo sabendo que essa turma “pega pesado”, ele me pareceu muito convicto do que falava. Se não era mesmo verdade, ele mesmo estava acreditando em sua própria mentira!
Eu não estava sozinho, e minha família testemunhou aquele relato, aquela figura dançante. As opiniões são as mesmas: para nós, ele falou a verdade!
Nunca vamos saber se estamos certos. Se ele falou a verdade ou se mentiu naquela inocência de quem acaba acreditando na mentira que contou...
Veja um trecho da Revista Época, edição 22, de 19/10/1998 :
“É claro que o roteiro dos místicos brasileiros tem outras atrações espalhadas pelo país. A mineira São Tomé das Letras é uma delas. Considerada uma cidade sagrada por entidades esotéricas, seus moradores não se cansam de contar fantásticas histórias de discos voadores e óvnis. A Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, é um marco geográfico que atrai os herdeiros de Woodstock. Ali, justamente, está o centro geodésico da América do Sul. Mas, nos últimos dois anos, Alto Paraíso é que está sendo o maior alvo de procura. Além dos cristais, os moradores vangloriam-se de que o município está no Paralelo 14, a linha meridional que forma uma faixa de energia no planeta, segundo a visão esotérica. Ali também estão as nascentes de importantes bacias hidrográficas brasileiras, como a do Rio Tocantins. Os muitos recantos de água doce e as cachoeiras imponentes - com até 120 metros de queda-d'água - são palcos para meditação e outros ritos místicos.”
Chapada dos Guimarães é um pacato município com aproximadamente 18.000 habitantes, distante 64 km de Cuiabá, com um potencial turístico incrível e mal explorado. Seus 6.249,44 km² localizam-se a uma latitude 15º27'38"sul e a uma longitude 55º44'59" oeste, estando a uma altitude de 811 metros.
No “mirante”, situado 7 km adiante da cidade, situa-se o “Centro Geodésico da América do Sul” (enquanto a topografia considera a Terra plana, a Geodésia toma em conta a sua curvatura). Daí, uma série de mitos esotéricos e a atração de místicos do mundo inteiro, além dos hippies e a atenção dos ufólogos.
Pois é nesse contexto, que a pedido da minha amiga portuguesa “A Papoila”, eu vim falar do meu “Paraíso Natural”.
Melhor do que falar é mostrar...
Chapada é onde nascem as águas que vão formar o Pantanal. Por isso, hoje, uma grande parte do seu território é protegido por um Parque Nacional. Com seus terrenos geologicamente jovens, por falta de desgaste eólico e do tempo, Chapada é dotada de terrenos acidentados, o que forma inúmeras formações rochosas e cachoeiras. Seu clima ameno e bem diferente do de Cuiabá, mesmo estando tão perto, a transforma numa “Mecca” para a população aos finais de semana.
Postado no Flainando na Web, em 14 de maio de 2007.
Um comentário:
Hoje é meu dia de sorte...pq tive tempo dde entrar aqui e no blog do teu amigo Neto(são primos,vcs?).
Oscar este teu blog é o meu preferido!!!!!
Adoro ver tudo isto sobre a Chapada,local que há anos,desde Portugal,eu espreito na web.
Continua este trabalho antropológico .PARABÉNS!
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