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terça-feira, 10 de junho de 2008

Talento Cuiabano agora fala para o mundo ouvir: Com vocês, Sady Folch!


Tá Creceno o Arraiá!!



Vidge nossa !! Tá creceno o arraiá !!
Ostro dia Vila Reá do Bom Jesus de Cuiabá,
Num foi tempo passô por lá,
Nhô Nezinho, nhô Neco e também Curimbatá...

Os povo que lá habita,
Proseia feito dona Nezita,
E se for pra proseá,
Num tem tempo de amargá...

Inté faláro dos poeta,
E dos sarás que tem por lá,
E os cantadô que num aquéta,
Virô nota de jorná...

Cunstruíro ponte nova,
Pra no rio podê passá,
Esses povo num tá prosa,
O que será do Cuiabá...

Rio belo e formoso,
Dotras vez a navegá,
Hodje pesca de barranco,
Nem isso tem pra acarmá...

Que sardade de Cuiabá!!!

Da cadêra de balanço,
Na varanda de dona Nhanhá,
Onde nóis buscava descanso,
Nos causo a nos contá...

Do poeta Sirva Freire,
Hóme iguar num tinha prosa,
Andava inté dez arqueire,
Pra falá de flôr formosa...

E de nhô Manuer de Barros,
Que pintchô de lá mucinho,
Foi prás banda do Corumbá,
Prá poetá os passarinho...

Que sardade desse tempo,
Das coisa que ficô lá,
Da natureza que era templo,
E dos pêtche do Cuiabá...

Hodje as ponte são moderna,
E os tropêro já não há,
Nem os gado mais inverna,
Mas resiste o meu ganzá...

Desta forma eu cantarei,
À siriema podê imitá,
E o cururu eu dançarei,
Prá tradição podê vortá.

Texto do cuiabano Sady Folch
Foto do cacerense Raimundo Reis


Cuiabá de Meus Sonhos, o que fizeram de Ti

MINHA QUERIDA CIDADE, QUANTA SAUDADE TENHO DE TI,
DE TUAS ALTAS PALMEIRAS E DO TEU CÉU AZUL QUE SÓ AÍ,
DO CALOR INTENSO QUE NOS ABRAÇA SÓ COMO TEU SOLO NOS FAZ,
TANTO QUERIA EU SABER SE TEUS SONHOS SOBREVIVEM REAIS,

QUANTAS SÃO AS MANHÃS EM QUE DESPERTO E ESTOU POR TI EM ACALANTO,
NÃO SEI AS CONTAR, POIS QUE SÃO TANTAS QUE JÁ NÃO SEI AFIRMAR,
AINDA QUANDO DERRAMAS EM TERRA LÁGRIMAS DE TEU PRANTO,
ÀS QUEIMADAS QUE TE IMPÕEM TENTANDO APAGAR,

ONDE ESTÃO AS MARGENS DE TEUS RIOS, QUANTO MAIS DO CUIABÁ,
QUE RECEBEU GRANDES NAVIOS EM TEU LEITO A NAVEGAR,
AS MATAS QUE PERMEIAM AS MARGENS DE TEUS RIACHOS,
O QUE FIZERAM DE TI, MINHA QUERIDA CUIABÁ,

TEUS PÁSSAROS NÃO GORGEIAM COMO DANTES ESTIVERAM LÁ,
TUA GENTE SENTE A FALTA QUE MARCOU O SABIÁ,
NÃO TE ESMOREÇAS NOSSA HISTÓRICA CUIABÁ,
POIS QUE DOS TRAUMAS TUA ALMA SUPERARÁ,

HOMENS DO PROGRESSO TOMARAM O TEU BRASIL,
O MODERNO QUE TE ALCANÇOU A VIDA CALMA SUCUMBIU,
E AINDA QUE NA CALADA DO TEMPO A MÁQUINA TE ATORMENTA,
RESTA-NOS A TUA FALA QUE A ALMA NOS ACALENTA,

JÁ NÃO SEI VIVER NESTE MUNDO TORTO E TÃO MUDADO,
QUE NÃO SE RESPEITA A VIDA E NEM MESMO AO SER AMADO,
JÁ NÃO SEI MAIS O QUE ESPERAR SE NÃO A TUA MORTE,
AO VÊ-LA TÃO ASSIM ARRANCADA DE TUA SORTE,

JÁ NÃO ESTOU MAIS PERTO DE TEU CHÃO E DO RIO QUE TEM O TEU NOME,
NEM DOS ANTIGOS QUINTAIS QUE ME DERAM DE CRESCER SEM FOME,
NO ALIMENTO ETERNO DAS FIBRAS DE TUAS MANGAS, E NOS CAROÇOS DAS GOIABAS,
E DAS TANTAS OUTRAS QUE EU AVISTAVA, COM OS OLHOS CHEIOS DAS JABUTICABAS,

QUANTAS SAUDADES DE TI QUE ME VIU MENINO,
DOS SABIÁS E DOS PARDAIS QUE LIBERTEI DA ALGIBEIRA,
DAS IDAS E VINDAS À CASA DE MEUS QUERIDOS AVÓS,
E DO QUE NOS CONTAVA UM VELHO EMPREGADO, DA TUA HISTÓRIA, TEU PORTA-VOZ,

TUA VIDA IDENTIFICADA NO CHÃO QUE PERMEOU A TUA FONTE,
IMORTALIZOU O SER QUE SOU, E DEU A MIM UM HORIZONTE,
QUE ME VOLTA A VISTA E NÃO NOS TEM SEPARADOS JAMAIS,
E CHEGARÁ O DIA EM QUE TERNAMENTE AOS TEUS PÉS ME RECOLHERÁS,

DOS DIAS EM QUE PASSEI BUSCANDO AS TUAS QUENTES SOMBRAS,
DESTES DIAS, TANTOS QUE PASSEM, NEM EU, NEM TU OS ESQUECERÁS,
E DAS TARDES EM BRINCADEIRAS DE MENINO EM BUSCA DAS PITOMBAS,
TANTAS SÃO AS LEMBRANÇAS A ME ENVOLVER NO SEIO DE MEUS ANCESTRAIS,

CUIABÁ DE MEUS SONHOS, QUE TÃO LINDA BRILHAVA NA AURORA,
TROUXE-ME AO PENSAMENTO A INSPIRAÇÃO DOS CONTOS DE OUTRORA,
E CERTIFICOU NA MINHA ALMA PARA SEMPRE A EXUBERÂNCIA DE TUA FLORA,
AGUARDA-ME AINDA QUE O TEMPO DESEJE ESTA DOLOROSA DEMORA,

DE MEUS DIAS DE CRIANÇA ESSES NÃO VOLTAM MAIS,
NUNCA MAIS...
MAS TU CUIABÁ QUERIDA, DOS MEUS TEMPOS DE CRIANÇA,
NÃO A ESQUECEREI JAMAIS.

Sady Folch


Sady Folch é um amigo, que assim se autodefine:

"Um peregrino convertido ao caminho das palavras, a buscar alívio para o desassossego da alma que habita o deserto da existência."

Escritor e poeta matogrossense, dono de um talento como poucas vezes eu vi, hoje mora em São Paulo e participa de um curso de formação para escritores. Por esse motivo, pra nossa sorte, precisou criar um blog.
Este blog, que merece toda a nossa reverência chama-se "Scriptor in Desassossego" e está à disposição de todos que se interessam por "palavras de qualidade" no seguinte endereço: http://sadyfolch.blogspot.com/ . Espero que apreciem como eu apreciei!
Não deixem de visitá-lo e acompanhar um conto em capítulos, que toda segunda-feira tem a sua continuação no Desassossego! Desvende os segredos de Elvira e Pedro...

3 comentários:

Sady Folch disse...

Oscar, querido amigo, é com muita honra que recebo do Coisas de Mato-Grosso esta homenagem.
Suas gentis palavras me fazem mais responsável ainda pela produção literária a que me disponho, procurando sempre amenizar as saudades que sinto de Cuiabá e de nossa cultura.
Espero estar, todos os dias, à altura desta tua amizade, podendo fazer parte de um veículo tão importante quanto tem se mostrado esta página criada por você.
Muito Obrigado.
Sady Folch

Elvira Carvalho disse...

Boa homenagem Oscar. Subscrevo inteiramente as suas palavras. Poucas vezes tenho encontrado poetas com o talento do Sady. Deveria dizer talvez escritor, mas a minha opinião, e já o disse ao Sady é que ele é essencialmente um poeta. Está-lhe no sangue, salta em cada frase mesmo quando se aventura na prosa.
Um abraço

Vitória disse...

Uma merecida homenagem ao escritor e a cuiabá.:)