De Lagarta À Borboleta
A triste perene sina
de ensinar a voar...
Primeiro precisa-se
de uma lagarta
com desejos de asas...
Não pode ser qualquer lagarta,
há de ter nos olhos
a ânsia do ilimitado
e, no corpo,
princípios de desejos...
Descoberta, é necessário
fazê-la perder o medo
da metamorfose.
Inicia-se, então, lentamente
o processo de sedução.
Ensiná-la, com palavras sutis,
que há mais do que o verde
e seu monolítico sabor...
(sei o quanto é difícil,
para quem rasteja e mastiga,
pensar outro universo...)
Despertada para o inusitado,
ela está pronta para a pupa.
Obvio que haverá dor.
Os músculos contorcendo-se,
o casulo, imobilizando...
(só sofrimento e prazer não sabido)
Passa o tempo, o disforme
adquire silhuetas e cores...
Agora, resta o último esforço:
romper o casulo
e tatear o claro obscuro...
Dada a eclosão,
eis a borboleta frágil,
porém indócil.
Com uma pitada de sol
e uma nesga de vento,
poderá voar entre flores desavisadas...
Inebriada com sua beleza
e com o dom de voar,
esquece rapidamente
de que fora lagarta
e do criador de asas...
Assim não ouve
suas ultimas palavras:
Borboleta, cuida-te.
pois tuas asas não resistem
ao fogo, nem aos vendavais...
Sérgio Cintra
sergiocintra@terra.com.br
6 comentários:
É sempre bom apreciar novos poetas, com seus escritos, sua participação foi saborosa. Grata caro mio...
Ai...menino, assim vc desmonta tudo...
Amor...dor...vida...liberdade...Tudo isso num poema só.
Assim vc desmorona tudo!!!!
Eita...eh por isso que vale a pena te ler...viu!!!
Que Deus abencoe teu olhos....pra que eles possam sempre ver a natureza e o amor como um so.
Bjos!!!
Parabéns!!!
O poema é maravilhoso e o autor não me é desconhecido,só não estou ligando o nome a pessoa, mas hei de me lembrar.
Abraços
Muito bonito depois que a lagarta vira borboleta, mas antes...
Abraços!
Maravilhosa esta poesia, meus parabéns a você Oscar por eleger a sensibilidade de Sérgio Cintra e nos presentear com sua arte.
Obrigado
Sady
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